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«The Butler» (O Mordomo)


Por mais criticas que façam à nova criação de Lee Daniels, The Butler - O Mordomo, não se deve de todo ignorar o seu contexto histórico. Obra baseada na vida de Eugenne Allen, um mordomo que serviu a Casa Branca por mais de 30 anos, este é um filme que esquematiza algum dos momentos cruciais do desenvolvimento social dos EUA, apresentando-as em segundo plano sob um olhar de espectador levado a cabo pela personagem principal.

Enquanto que no inicio do ano assistimos a tremenda batalha do presidente Abraham Lincoln para garantir a aprovação da 13ª Emenda (Lincoln de Steven Spielberg), o qual garantiria a abolição da escravatura, O Mordomo faz ponte com essa manifestação social, começando por demonstrar que a suposta vitória do republicano não foi em vão, como também não foi eficaz o suficiente para alterar as ditas mentalidades. Sendo assim, Lee Daniels, o mesmo realizador do sensacionalista Precious (2009) e de Paperboy- Um Rapaz do Sul(2012, a sua mais irreverente e talvez sólida obra), comete a ousadia de sacrificar os valores biográficos em prol das intenções de cariz social e ética, constituindo assim um filme algo adulterado em relação à figura homenageada.

Em resumo, O Mordomo é muito mais que a história de um mordomo afro-americano que serviu a habitação mais famosa dos EUA por uma quantidade de tempo, mas sim um traço direto para a metamorfose da nação, onde pertinentemente a personagem baseado em Allen, Cecil Gaines, tem relevância nos atos presidenciais e de conduta moral. Assim sendo, a obra de Lee Daniels assemelha-lhe a um panfleto de luxo, conduzido por atributos técnicos de categoria e um elenco impressionante. Contudo, não faz um esforço para se separar de tal rótulo. Trata-se de um filme demasiado académico, preso ao "bonitinho" produtivo e a ambição fervorosa em compor o maior numero de sínteses sociais e raciais, triste será dizer que O Mordomo tem material para muito mais, mas ficou-se pelo esquemático das suas ações.

Forest Whitaker oferece-nos uma forte prestação, há muito não vista desde a "estatueta" em The Last King of Scotland de Kevin Macdonald, o "maestro" de um elenco de luxo, o qual funciona maioritariamente em prol de figuras mimetizadas, o que é pena já que o filme arrecada duas surpresas no foro interpretativo: Oprah Winfrey a marcar o seu regresso ao cinema após Beloved (1998) de Jonathan Demme; e Cuba Gooding Jr. em vias de receber o tão esperado perdão. Contudo as duas "surpresas" são desmanteladas face à esquematizada narrativa que dificulta em muito o desenvolvimento das personagens, um "tendão de Aquiles" para muitos dos biopics que são produzidos mas em que O Mordomo soma outro factor, a linha narrativa histórica em contraste com a duração da longa-metragem, ou seja, muitos propósitos para pouco "espaço de antena".

Com isto, estamos perante o filme mais pretensioso da carreira de Lee Daniels, um hino à herança geracional que resultou somente em puro folheto cinematográfico, mas onde o contexto histórico ajuda e os valores de produção são generosamente benéficos, em especial as variadas reconstituições de época, a fotografia, a belíssima banda sonora composta pelo português Rodrigo Leão e sim, um elenco acima de tudo capaz de qualquer desafio. 

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«The Butler» (O Mordomo) «The Butler» (O Mordomo) Reviewed by FABRICIOMALHEIROS96@GMAIL.COM on setembro 20, 2013 Rating: 5

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