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Breaking Bad entra na sua reta final...


Esta noite nos EUA começam a ser exibidos os últimos episódios de Breaking Bad, série deVince Gilligan que encerra sua produção com cinco temporadas, 62 episódios e (até o momento) sete prêmios Emmy (distribuídos entre atores e edição). Sem nunca ter ganho o prêmio de melhor produção, Breaking Bad está na corrida do Emmy deste ano, podendo ainda ser indicada em 2014, com os episódios que serão exibidos a partir de hoje.

Tendo estreado em 2008, a série surpreendeu a crítica ao se tornar uma das melhores produções dos últimos anos da TV americana. Com total liberdade para desenvolver personagens e história, os produtores souberam aproveitar a oportunidade que o canal AMC deu a eles para estabelecer Breaking Bad logo na primeira temporada. Ao longo dos anos, ela se tornou um marco da história da TV americana ao transformar o protagonista, um homem ingênuo e assustado, em um criminoso frio e calculista. Uma espécie de Jekyll & Hyde, com a diferença de que não existe aqui o vai e volta entre um personagem e outro.

Em entrevista ao programa The Writer’s Room, do canal AMC, Gilligan disse que a ideia deBreaking Bad surgiu dois anos após o fim de Arquivo X, série para a qual ele contribuiu com cerca de trinta roteiros. Uma matéria do jornal New York Times dizia que um homem tinha sido preso por fazer metanfetamina em um prédio de apartamentos, levando algumas crianças a passar mal. Gilligan então imaginou uma história na qual um pacato professor de química decide fazer metanfetamina. Sua intenção, desde o início, era a de produzir uma série onde o herói se transformaria no vilão (Mr. Chips em Scarface).

O projeto foi oferecido em 2007 para o canal FX, que na época estava conquistando o público com séries estreladas por anti-heróis, voltadas para o público masculino. Mas o canal rejeitouBreaking Bad. Segundo a revista EW, John Landgraf, diretor do canal, disse que na época o FX já exibia algumas produções estreladas por anti-heróis e considerou que não seria o momento de aprovar mais uma. Em 2007, Gilligan não era um nome importante como roteirista ou produtor. Seus trabalhos até então estavam atrelados aos de Chris Carter, criador de Arquivo X, série que gerou The Lone Gunmen e Millennium. Desta forma, seu nome não era forte suficiente para fazer com que Landgraf mudasse de ideia.

O agente de Gilligan decidiu então enviar o projeto para o AMC, que naquele ano estreara Mad Men, conquistando boa receptividade crítica. O sucesso desta série levou os executivos do canal a buscarem novos projetos que pudessem fazer companhia a Mad Men. Assim, aprovaram a produção de um episódio piloto de Breaking Bad para avaliação. Para surpresa de Gilligan, o canal não interferiu no processo criativo da série ou sequer tentou suavizar (ou justificar) a história e seus personagens para que pudessem ser aceitos pelo público.

O canal gostou do piloto e encomendou a produção de mais nove episódios para a primeira temporada, totalizando dez. Mas uma greve de roteiristas levou os produtores a encurtarem a temporada, produzindo apenas sete (incluindo o piloto). A série estreou conquistando a crítica mas passando despercebida do grande público, que foi descobrindo Breaking Bad ao longo dos anos.


A história narra a vida de Walter White (Bryan Cranston), um pacato e simplório professor de química que passa pela crise de meia-idade. Walter está desiludido com sua carreira, tendo que dar aulas para alunos que não se interessam em prestar atenção na matéria. Em casa, ele é dominado pelas vontades e desejos de Skyler (Anna Gunn), sua esposa, que controla seu estilo de vida, suas ações e suas decisões.

Um dia Walter descobre que a única recompensa que ele ganha por seu bom comportamento é um câncer no pulmão. A doença dá início à transformação de Walter. Decidido a deixar algum dinheiro para a família, ele começa a fabricar drogas para que Jesse (Aaron Paul), um ex-aluno seu, possa vendê-las.

Pela primeira vez, Walter vive sem medo do futuro. A excitação que o perigo traz o leva gradualmente a tomar as rédeas de sua vida e de seu corpo (ao vencer a doença). Enquanto Jesse se rende ao vício das drogas, Walter se torna cada vez mais refém do poder e do perigo, que o faz se sentir vivo.

Embora tenha imaginado a série em torno da transformação de Walter, Gilligan e sua equipe de roteiristas conseguiram oferecer uma produção que também cuida dos demais personagens. Cada um, dentro de seus limites e universo, passa por transformações.

No início da série, Jesse é um delinquente juvenil irresponsável que só pensa em diversão e dinheiro. Sem se preocupar com o futuro ou com o que acontece à sua volta, ele vai, aos poucos, se transformando em um homem consciente, capaz de tomar decisões e assumir responsabilidades. Embora ainda esteja sob o domínio de Walter, Jesse compreende o perigo que ele representa.

Skyler inicia a série como uma pessoa dominadora, mas conforme a trama se desenvolve, ela se torna um animal encurralado e dominado por Walter, prisioneira do ambiente que se formou. Além disso, Skyler se torna cúmplice do marido, ao assumir a responsabilidade de lavar o dinheiro obtido com as drogas e manter-se calada sobre as atividades de Walter. Os dois dizem agir em nome da família, proteger os filhos, entre eles, Walter Jr. (RJ Mitte), o ponto fraco da história. Até agora ele não conseguiu perceber o que ocorre à sua volta. Mantendo-se um jovem mimado e superprotegido, Walter Jr. não se dá ao trabalho de investigar as razões pelas quais seus pais mudaram drasticamente de comportamento e relacionamento, limitando-se a aceitar como verdade aquilo que lhe é dito.


Marie (Betsy Brant), a irmã de Skyler, começou sua trajetória como uma jovem fútil, solitária e cleptomaníaca. Nas últimas temporadas, ela é obrigada a enfrentar diversas situações, que a transformam no principal apoio moral de Skyler (embora ela não tenha conseguido se tornar sua confidente). Marie também cresce como esposa de Hank (Dean Norris), um agente da narcóticos, de quem ela precisa cuidar quando ele sofre um atentado.

Hank é um homem que acredita estar acima de qualquer problema psicológico ou emocional. Com uma postura bonachona, ele mantém as rédeas de sua vida e de sua profissão. Mas, gradualmente, Hank também sofre uma transformação quando começa a perder sua autoconfiança, o controle de seu temperamento e do seu físico e a quase perda do emprego.

Quando Hank pensa que já retomou o controle de sua vida, uma nova informação surge para desequilibrá-lo. Seria seu cunhando Walter o criminoso que ele vem perseguindo há tempos? Os episódios finais da série irão revelar ao público que caminho Hank irá seguir: entregar Walter à justiça colocando em risco sua posição na polícia (afinal, como explicar que ele não sabia sobre os atos do cunhado), secretamente fazer justiça com as próprias mãos ou deixá-lo partir? E o que ele fará com Skyler, sua cunhada?

Mas talvez a pergunta mais importante que será respondida com o final da série seja: a televisão americana permitirá que Walter sobreviva e saia vencedor? Na visão tradicional das séries, o vilão precisa pagar por seus erros, sofrer a redenção, arcar com as consequências de seus atos, ser penalizado pelas leis do homem ou as de Deus. Breaking Bad se submeterá a essa regra depois de ter se tornado um marco por retratar a metamorfose de um herói em vilão? Gilligan punirá Walter?

A prisão ou a morte de Walter, seja pelas mãos de alguém (podendo ser Hank, Skyler, Jesse, Walter Jr. ou o próprio Walter), seja pelo câncer ou seja por qualquer outro meio, levará a série a se submeter às leis da visão tradicional que os produtores se propunham em romper. Isto não significa que o fim de Walter invalide sua trajetória, nem a proposta de trazer para a TV uma série que modifica padrões e fórmulas. Mas deixa o caminho aberto para que outra produção com a mesma proposta finalize a intenção. Em oito semanas saberemos a resposta.

No Brasil, Breaking Bad é exibida pelo canal AXN, sendo que a Sony já lançou as três primeiras temporadas. A quarta tem previsão de lançamento para o dia 21 de agosto.

Em homenagem ao fim da série, um fã montou e disponibilizou no You Tube um vídeo no qual Walter ‘canta’ a música My Way.



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Breaking Bad entra na sua reta final... Breaking Bad entra na sua reta final... Reviewed by FABRICIOMALHEIROS96@GMAIL.COM on agosto 12, 2013 Rating: 5

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