Publicidade.

Estudo aponta possível fim do conceito político de direita e esquerda

Engajamento mostrado nas redes sociais mostra crescimento de linhas de pensamento que pensam medidas alternativas aos problemas de oposição e situação

A imagem mostra a nuvem de taggeamento de posts com a palavra 'Dilma'. O grupo vermelho é pró-governo, azul é oposição e verde é o grupo altamente relacionado que discute soluções alternativas aos problemas políticos (Foto: Divulgação / Labic)

Em tempos de protestos e suspeitas de rastreamento de redes sociais com fins investigativos, a nuvem de discussões políticas na rede pode ser bem mais complexa que se imagina. Ao menos foi isso que constatou Fabio Malini, professor de cibercultura da Universidade Federal do Espírito Santo. Ele coordena o Labic (Laboratório de Estudos Sobre Imagem e Cibercultura), que usou o Twitter para realizar um estudo sobre posicionamento político da população levando em conta posts com a presença do termo “Dilma”, em referência à presidente da república. 

O texto que descreve as conclusões da pesquisa, com todos os conceitos e detalhes técnicos, está no site do Labic. Os dados foram analisados entre os dias 16 e 17 de junho. Nos dois dias, o nome de nossa chefe de estado aparece em cerca de 120 mil tweets originais, mais 50 mil retuitadas. “No laboratório nos temos uma pesquisa feita em cooperação com a Escola de Comuncação da UFRJ, com o objetivo de cartografar as controvérsias políticas na rede. A internet se tornou um manancial de dados que demonstram posições. No nosso caso, o estudo quer buscar posições políticas”, disse o professor.

Ao tentar separar apoiadores e opositores de Dilma Rousseff, Malini nota que há diversos grupos que não se encaixam em nenhum dos dois lados, fenômeno que ele chama de “fim da bipolaridade política”. “A bipolaridade é uma retroalimentação: quem é contra precisa de um grupo a favor para rebater as opiniões. Esses novos grupos são um novo elemento, que pensam diferente das duas grandes correntes. Há também outros menores, que não se encaixam em nenhum dos três, e por aí vai”, disse o professor.

Os grupos centrais (por falta de nome melhor para denominá-los) narram fatos que nenhuma das duas costumam discutir, como os gastos públicos envolvendo a Copa do Mundo de 2014, a questão de demarcação de terras indígenas e a crítica do que é esquerda e direita. Trata-se de um perfil mais independente que busca reparar erros de governantes sem a radicalização de opositores. Seriam perfis muito conectados com o povo que hoje protesta nas ruas.

Segundo ele, o “curto-circuito” que tirou os manifestantes de casa teria sido o quarto protesto contra o aumento da tarifa de ônibus de São Paulo, que aconteceu no último dia 13 de junho e ficou marcado pela violência policial. “As redes sociais já mostravam um acúmulo de indignação, o dia 13 foi um estopim que mostrou que, além de ser contra ou a favor de um político, haveria também um grande grupo que tenta propor soluções alternativas ao bate e rebate de situação e oposição”, conta Malini. “O importante das manifestações é que houve uma ruptura da ‘ideia de facilidade’. É a mudança de mentalidade da forma de fazer política dessa geração conectada”.

O estudo indica também uma tendência à radicalização de mudanças políticas. Principalmente depois de os manifestantes alcançarem seu objetivo de redução da tarifa, inúmeras outras bandeiras foram levantadas nos protestos, desde arquivamento da PEC 37 até contra o investimento em estádios e complexos esportivos para Copa e Olimpíadas. Para Malini, a partir de agora, o que se pode ver é que agora é um momento de decantação das “fortes emoções” que o país viveu nos últimos dias.

“Assim que essas pautas começarem a ficar mais organizadas vão se tornando novas agendas que vão permeando grupos que pretendem lutar por elas”, disse. “A riqueza dessa rede Dilma está nesse fim da bipolaridade e na intensidade de subgrupos que resolveram debater se o governo da Dilma faz concessão demais ou não, é chantageado por grupo econômicos e políticos ou não, se o governo apoia as ruas ou não, se o governo vai manter as mudanças radicais abertas desde 2003 ou não. A questão na rede passa muito por aí, para além da factualidade das notícias que se difundem”, finaliza o texto do estudo.
Estudo aponta possível fim do conceito político de direita e esquerda Estudo aponta possível fim do conceito político de direita e esquerda Reviewed by FABRICIOMALHEIROS96@GMAIL.COM on junho 26, 2013 Rating: 5

Sem comentários

programa de afiliados clicks banck